quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Nossa casa.


Andei por algumas ruas esta noite,
e todas elas gritavam teu nome.
Um grito quase que ensurdecedor, quase que mudo.
Um grito que ninguém além de eu mesmo, conseguia ouvir.

Ele veio de você, ele veio de algumas ruas também.
Percorreu bastante chão... se alojou numa casa, se escondendo no porão.
Numa casa vazia e triste, numa casa úmida como se tivesse a chuva como companhia por muito tempo.
Numa casa simples e meio distante... às vezes, demais aconchegante.

Nos corredores haviam teias, haviam veias.
As janelas eram trancafiadas, algumas arrombadas, outras desfaceladas.
Existiam alguns rastros indicando várias saídas de emergência, um pouco desesperador.
Um desespero meio que forçado ou forçado por inteiro.
Forçado por urgência, se entregando em relutâncias.

Algumas luzes ainda acendiam, outras apagavam-se sozinhas.
Alguns quartos foram deixados e esquecidos. Outros estavam intactos de limpos.
Haviam quadros por toda parte, haviam cacos, haviam rastros também.
Rastros de restos e vestígios de passos.

Muita coisa parecia ter sido quebrada ali, naquela casa.
Muita coisa parecia ter sido vivida ali, naquela casa.
Naquela casa, onde nas paredes continham histórias.

Aquela casa, que desde então, tornou-se o um lar para o seu grito.
Aquele perdido nos cantos escuros, aquele por trás de persianas cinzas e sujas.
E que ainda sim, o sol insistia em atravessar.
E que ainda sim, tão confortável se sentia em estar.
Meu coração, que dele, você com teu grito adentrou e durou na estadia, fez moradia,
criou mordomias e então dele saiu pra que outros ventos levassem daqui para outro lugar.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Desmedido é.

Desmedidamente eu tenho acreditado em nós.
Desmedidamente eu tenho acreditado em algo.
Pode ser tarde para algumas coisas,
mas já para outras me parece cedo,
me parece estar amanhecendo.
Ainda.
Mesmo que aqui, onde me encontro,
onde encontro meu eu, já exista a lua há tempos.

Há algo em mim querendo explodir.
Explodir e fazer sentido.
Um sentido temido e desmedido. Desmedido é.

Da mesma forma que minha mão trêmula
juntamente com meus dedos esguios fazem algum sentido nesse papel.
E meu coração palpita, acelerado. Acelerado é.
E desmeditamente ele grita, grita de amor, anseia por calor.
Por favor, alguém me ouve? O que houve?

Há algo em mim querendo explodir.
Há algo em mim que se explodiu.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

04h01

É madrugada e ainda está escuro. Bem escuro.
Falta pouco pro sol nascer. Pouco e muito.
Eu poderia ir dormir, mas esta minha louca vontade envolvida nessa ansiedade
para ver este sol raiar não me deixa. Me pertuba.
Muitas noites dormi por não suportar a espera por este sol.
O queria logo. Como sempre quero as coisas. Logo.
Num ritmo bem acelerado de tempo.
Numa espera quase inexistente.
Sem paciência até pra assistir o último ato da lua.
Eu queria mesmo era o sol. Ah, o sol.
Como eu queria este sol. Aquele sol.
Então eu dormia. Pois a vontade era tanta que me adormecia.
E o sol vinha e eu nem via.
E dormia enquanto o sol por trás dessas cortinas escuras tornava lá fora tudo bem claro, tão claro.
E eu dormia.
Mas não durmo mais. Não hoje.
Hoje eu quero este sol.
06h03.
O sol está chegando.
Vem logo, não demora, sol.
Não demora. Não demora. Não demora.
Chegou. O sol chegou.
E eu não dormi. E eu o vi.
Ah, o sol.
Que sol.
Que sono.
E agora...
Quando vem a lua?

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Vem aqui...

...que eu lhe conto uma história.
Daquelas bem, longas, que dão voltas e voltas e mais voltas.
Que te faz se perguntar quando irá de acabar.
Te fará conhecer meus caminhos, meus moinhos,
meus tormentos, meus tornados, meu mundinho.


Vem aqui, deixa eu lhe conhecer também.
Deixa eu me tornar alguém.
Me tornar seu bem, seu mal, etc e tal.
Seu mar, seu lar, seu par.


Vem aqui, me digas o que preferes.
Se são homens ou mulheres.
Se sim ou não, e se há certeza.
Se de uva ou de cereja.
O sol ou a lua.
Em casa ou na rua,
eu quero ser a sua.


Ser seu chão, seu vão, seu grão.
Então... Vem aqui?

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Laço meu.

Fecho os olhos
e viajo contigo.
Viajo alegre,
num riso contido.
Num riso sincero.

Numa tarde,
tão linda.
Tudo em volta se move com perfeição,
como cada traço,
cada passo,
cada abraço seu.
Laço meu.

Traço,
passo,
abraço
tudo aquilo que fantasiei.
E que vivo a fantasiar deitada, numa noite sem fim,
iluminada por estrelas, sem beira, nem eira.
Nessas minhas fantasias, tão fantasiosas, tão embaraçosas que faço.

Diz.

Diz que fica.
Diz que não vai tão cedo.
Abra os olhos e veja, o céu está lindo.
O mundo está rindo, pra nós.
Entra, senta, toma um chá.
Diz que vale a pena ficar.
Diz que quando for, e se for, não vai demorar.
Diz...

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Cinza.

O dia acordou cinza hoje.
Sem dor.
Sem calor.
Sem amor.
Apenas cinza.